Tarcísio presidente e Ciro vice? Possibilidade provável ou cartada ousada do Centrão?

De um lado, Tarcísio consolidou sua imagem como gestor eficiente, com obras de impacto em São Paulo e proximidade com o bolsonarismo. Sua força eleitoral no Sudeste é inegável e o torna um nome competitivo. Já Ciro Gomes, com histórico combativo e forte presença no Nordeste, poderia oferecer capilaridade em uma região onde Tarcísio enfrenta resistência, além de dialogar com setores da centro-esquerda.

No entanto, os entraves são claros. A convivência política entre Tarcísio e Ciro parece improvável: enquanto o primeiro representa a continuidade da agenda liberal e conservadora, o segundo tem trajetória marcada por críticas duras à direita e ao bolsonarismo, além de uma retórica que constantemente rompe pontes. Para muitos, seria uma chapa vista mais como um arranjo artificial de interesses do que uma união natural de projetos.

Outro ponto frágil é a reação do eleitorado. A base bolsonarista dificilmente aceitaria Ciro como vice, considerando seu histórico de ataques a Jair Bolsonaro e até mesmo a Tarcísio. Do lado da esquerda, a presença de Ciro em uma chapa encabeçada por um aliado do bolsonarismo poderia soar como contradição, reduzindo sua credibilidade entre antigos apoiadores.

Em resumo, se por um lado a aliança Tarcísio-Ciro carrega a ousadia de tentar romper a polarização Lula x Bolsonaro, por outro parece carregar um peso de incompatibilidades que pode inviabilizar sua execução prática. O Centrão, mais uma vez, lança um balão de ensaio para medir reações e testar cenários.