Combate ao crime fortalece a Direita e força Lula agir para conter desgaste
Aos 80 anos, o presidente Lula (PT) já anunciou que vai tentar um quarto mandato no comando da presidência da República, nas eleições do próximo ano e, para tanto, todos os seus passos estão sendo monitorados por sua equipe de assessores que, a todo momento, avaliam falas, condutas e posicionamentos públicos que precisam ser pontuados. Neste momento, a impressão é que o governo federal já trabalha com o “vale-tudo” pela reeleição, ou seja, qualquer tipo de ameaça, qualquer problema, precisa ser resolvido ou “estancado” com agilidade.
A preocupação está em evitar qualquer tipo de desgaste para a imagem não apenas do governo como um todo, mas do presidente Lula que parece determinado a fazer qualquer negócio para tentar se manter no Poder. A preocupação se fundamenta partindo do princípio de que hoje o Partido dos Trabalhadores já não tem outra liderança popular com tamanha densidade eleitoral. Lula é a única “carta na manga” para o PT continuar comandando o País. Seja em 2026 ou em 2030, ele estará “fora do jogo”; a partir daí a legenda será forçada a entrar em uma profunda reformulação.
Hoje o assunto que continua na pauta dos noticiários é a megaoperação realizada pelas Forças de Segurança do RJ, autorizada pelo governador Cláudio Castro (PL) e resultou nas mortes de quatro policiais e mais de uma centena de homens da facção Comando Vermelho. Desde o ocorrido, iniciou-se uma “batalha de narrativas” em setores da imprensa e nas redes sociais, com o governo do RJ mantendo suas posições e revelando que havia comunicado o governo Lula através da Polícia Federal, mas que esta se negou a se associar no movimento armado de enfrentamento ao crime organizado.
Jornalistas, radialistas, analistas, comentaristas, especialistas em Segurança Pública, políticos de Esquerda e auxiliares do presidente Lula, representantes de movimentos sociais, artistas e atores, além dos “Direitos Humanos” tentaram construir narrativas diversas e genéricas questionando a megaoperação policial no Rio de Janeiro, mas foram surpreendidos com uma reação da opinião pública, aprovando, em sua grande maioria, não apenas a megaoperação já realizada, mas que outras delas aconteçam no RJ e em outros Estados Federados.
Politicamente falando, o combate ao crime organizado fortalece a Direita no País, se associa ao discurso dos conservadores que repudiam o enfraquecimento das forças de Segurança e exigem respostas mais enérgicas do Estado contra as facções como o Comando Vermelho, PCC, Bonde do Maluco e tantas outras que, com o passar dos anos, ganharam “ramificações” em todo o País, inclusive em Sergipe, muito embora, por aqui, as Forças de Segurança adotam o perfil de “tolerância zero” para qualquer tipo de organização relacionada à violência…
Em Estados do Nordeste, como Ceará, Pernambuco e Bahia, por exemplo, onde predomina o eleitorado mais de Esquerda, o combate a essas facções parece ter saído do controle do poder público. Para se ter uma ideia do impacto da megaoperação dessa semana, que resultou na morte de mais de uma centena de traficantes, segundo a pesquisa Genial/Quaest, a aprovação do governador fluminense e conservador Claudio Castro subiu após a ação policial, de 43% para 53%, no intervalo de apenas dois meses, ou seja, suas medidas têm a aprovação da maioria daquela população…
De olho em sua reeleição, e percebendo as “respostas da população”, Lula demorou, refletiu e ignorou os ataques e manifestações da Esquerda contra as Forças de Segurança e políticos conservadores. O líder petista falou apenas em “trabalho coordenado contra o tráfico”, além de estabelecer pena de prisão para quem participa ou compõe de alguma forma o crime organizado, concordando com a proposta do senador Sérgio Moro (União Brasil), detestado por partidos e militantes da Esquerda. Enquanto isso os governadores da oposição criaram o “Consórcio da Paz”…
Não que esta megaoperação do Rio de Janeiro será crucial para impedir a reeleição de Lula, que já “derrapou” quando disse, durante coletiva em missão oficial, que “os traficantes eram vítimas dos usuários de drogas”. Uma declaração que já soou bem negativamente, mas Lula agiu para conter o avanço da Direita com estratégia, sem se expor com falas polêmicas e ataques ideológicos. Ele vai continuar observando os movimentos dos conservadores, sem se deixar levar pelos discursos radicalizados de sua “militância” e o “histerismo” da “grande mídia”…
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Da 93Notícias