Estelionato gera mais vítimas que roubos, aponta levantamento da SSP
Embora seja mais simples evitar um golpe do que um roubo, números acendem o alerta para a importância dos cuidados com os dados pessoais
Um anúncio de venda de um veículo foi o ponto de partida para um prejuízo em torno de R$ 20 mil. A vítima anunciou a venda de seu automóvel, combinou o pagamento com a suposta compradora, mas não fez nenhum contrato e também não recebeu o dinheiro. Esse é apenas um dos casos de estelionato registrados em Sergipe, durante o ano de 2021. Até o ano de 2020, sempre houve mais roubos que estelionatos. Porém, conforme os dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim), da SSP, houve uma reviravolta nesse cenário e os números de estelionato passaram a ser maiores do que os de roubo.
De acordo com o levantamento feito pela CEACrim, em 2020, foram 9.320 ocorrências de estelionato e 11.491 de roubos. Porém, em 2021, foram registradas 14.998 ocorrências de estelionato, com mais de mil casos mensais, e 9.898 casos de roubo em Sergipe. Em 2022, ainda conforme os dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal, até o mês de março, já foram contabilizados 3.450 casos de estelionato e 2.401 de roubos.
A delegada Suirá Paim atribuiu a reviravolta na quantidade de cada tipo de crime ao advento de tecnologias que forneceram mais facilidade aos usuários, porém que estão sendo aproveitadas pelos criminosos nos casos de estelionato. “Esse é um fato que vem ocorrendo em diversos estados do Brasil e é uma tendência segundo a CEACrim. Isso se deve muito em decorrência do surgimento de novas tecnologias, como por exemplo PIX, o cartão digital e também com a pandemia de Covid-19 e o isolamento social”, destacou.
Suirá Paim explicou que os criminosos, além de utilizar das facilidades da tecnologia, se aproveitam dos temas que mais estão em evidência no dia a dia das potenciais vítimas. “Os golpistas sempre acompanham o surgimento de ferramentas para aplicar os golpes e utilizam de engenharia social, com aqueles assuntos mais tratados na mídia e nas redes sociais, como por exemplo vacinação, recebimento de valores, restituição de imposto de renda, e usam esses argumentos para convencer as vítimas”, revelou.
Principais golpes
Dentre as principais práticas de estelionato estão, o golpe do motoboy, o golpe da falsa oportunidade de emprego e os links por mensagem de texto. “Os principais golpes são as fraudes bancárias, com o PIX e o golpe do cartão falso. Também há o golpe da OLX e do falso motoboy. São diversos os tipos de golpe. Os mais praticados são no ambiente virtual. Esse é o ambiente preferido dos estelionatários”, evidenciou a delegada.
No golpe do motoboy, falsas centrais telefônicas entram em contato com a vítima, dizem que o cartão está com problemas ou que foi feita alguma movimentação ilegal e pedem que a vítima quebre o cartão e entregue a um motoboy que seria da instituição financeira. Porém, a vítima não quebra o chip, que é utilizado pelos criminosos na montagem de um outro cartão.
Já no golpe da falsa oportunidade de emprego, os golpistas criam anúncios falsos de oportunidades de trabalho. Porém, os supostos contratantes cobram valores para liberar acesso à oportunidade de emprego. No entanto, a vaga não existe e a vítima acaba caindo no golpe. Por isso, é importante desconfiar de descrições genéricas e sites desconhecidos.
Outro golpe com várias ocorrências é o dos links falsos. No crime, os golpistas enviam mensagens que indicam uma suposta inconsistência de dados. Assim, os golpistas, utilizando-se de links muito semelhantes aos endereços originais das empresas, acabam convencendo a vítima a preencher informações pessoais e dados de acesso às contas. A partir daí, a vítima perde o acesso às contas e tem prejuízos financeiros.
Anúncios em sites de vendas também são alvos dos golpistas. As práticas de estelionato nesse ambiente digital envolvem desde a cópia de anúncios verídicos, com o pedido dos golpistas para que as vítimas não revelem informações entre comprador e vendedor, até mesmo a simulação de que houve o pagamento pelo bem anunciado.
Como evitar ser vítima
A delegada Suirá Paim alertou que cuidados simples são essenciais para se precaver e não cair em golpes. “Para evitar ser vítima, orientamos a utilização de antivírus, o ato de manter as redes sociais fechadas, nunca informar senhas ou códigos, além de evitar clicar em links recebidos por redes sociais e SMS. É preciso também verificar informações antes de depósitos ou transferências bancárias. Então são medidas simples que podem evitar o golpe”, orientou.
Como denunciar?
Em Sergipe, a Polícia Civil conta com uma unidade especializada nos registros e investigações de golpes e casos de estelionato. O Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) – que fica localizado na Rua José de Oliveira Filho, 2.148 – Grageru, em Aracaju – realiza as investigações de casos de estelionato. Além da unidade, as denúncias de práticas recorrentes desses golpes podem ser feitas por meio do Disque-Denúncia, no telefone 181. O sigilo é garantido.
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