Presidente de sindicato ligado a fraudes do INSS é preso na CPMI

Presidente de sindicato ligado a fraudes do INSS é preso na CPMI

A prisão do presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, durante seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, marcou um ponto significativo nas investigações sobre um esquema de fraudes envolvendo aposentadorias e pensões. O episódio ocorreu na madrugada desta terça-feira (30/9), onde Lopes foi detido em flagrante por alegadamente mentir sob juramento. O senador Carlos Viana, presidente do colegiado, enfatizou que o depoente não estava cumprindo o compromisso de falar a verdade, o que levou à sua prisão.

A Conafer, entidade focada em agricultores familiares e empreendedores rurais, se encontra no centro de um imbróglio envolvendo fraudes bilionárias, revelado em uma operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União em abril de 2025. A organização é acusada de realizar descontos indevidos em aposentadorias e pensões, com um crescimento significativo nesses valores entre 2019 e 2024, de R$ 400 mil para R$ 277 milhões. Este aumento chamou atenção para as possíveis irregularidades nos descontos feitos em favor da entidade.

O relatório que desencadeou as investigações aponta que os aposentados e pensionistas estavam pagando percentuais superiores aos autorizados, sugerindo uma cobrança abusiva. Lopes negou qualquer participação nesse esquema, afirmando desconhecer operações relacionadas a pessoas e empresas ligadas à Conafer. Ele ainda declarou que tanto ele quanto a entidade são avessos a práticas corruptas.

Durante o depoimento, outras alegações vieram à tona. O deputado Alfredo Gaspar, relator da CPMI, questionou Lopes sobre movimentações financeiras inconsistentes com seu patrimônio. Foi reportado que ele teria movimentado R$ 1,76 milhão em apenas dois meses, apesar de declarar um patrimônio de apenas R$ 60 mil. Lopes refutou os dados apresentados, alegando que eles “não conferem”.

A gravidade das acusações lança uma sombra sobre a integridade de um sistema desenhado para proteger os mais vulneráveis. A desconfiança no controle e fiscalização das operações financeiras no âmbito da Conafer faz parte de um problema maior de corrupção que aflige a administração pública.

Outro ponto levantado durante a sessão foi a chamada “ressurreição” de falecidos para assinarem descontos associativos. O relator trouxe à luz que, em 2024, a Conafer enviou 100 fichas para conferência de regularidades, algumas das quais pertenciam a indivíduos falecidos. Caso de Maria Rodrigues, que teria falecido cinco anos antes de sua assinatura aparecer, não foi isolado: o padrão alegado repetiu-se mais de 300 vezes.

Da 93Notícias

Daniela Domingos

Daniela Domingos

Jornalista, professora de Filosofia, especialista em Assessoria de Comunicação e Marketing, Gestão Pública e Mídias Digitais, e mestranda em Ciências de Dados

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