Pandemia derruba IDH em municípios brasileiros: retrocesso de uma década
Desigualdades se intensificam e acesso à educação, renda e saúde recuam
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios brasileiros sofreu um duro golpe durante a pandemia da Covid-19. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida e a renda da população retrocederam para os níveis de 2012, uma perda de uma década de progresso.
Os estados mais afetados foram Roraima (-6,7%), Amapá (-6,6%), Rio de Janeiro (-5,8%), Mato Grosso (-5,5%) e Distrito Federal (-5,2%). A esperança de vida nesses locais, que era de 76 anos em 2019, caiu para 74 em 2021. Já a renda familiar per capita despencou de R$ 814 para R$ 723.
Desigualdades raciais e de gênero se aprofundam
O impacto da pandemia foi ainda mais severo para as casas chefiadas por mulheres pobres e pretas. Nesses lares, o nível educacional, o acesso à renda e a expectativa de vida são ainda mais baixos. O relatório da ONU indica que o Brasil precisaria de 10 mandatos presidenciais ou 35 anos para que o IDH de um negro atinja o de um branco.
“A governança e a boa gestão fazem uma diferença enorme no resultado final do IDH”, explica Betina Barbosa,coordenadora da unidade de desenvolvimento humano da PNUD-Brasil. “Estados que tiveram consenso e conseguiram construir agendas políticas públicas para lidar com a pandemia tiveram um desempenho melhor do que outros”,completa.
Combate à desigualdade é crucial para o desenvolvimento
Para Claudio Providas, representante do PNUD no Brasil, “a desigualdade no Brasil tem estruturas que a perpetuam.Ela é prejudicial à economia, ao crescimento e ao desenvolvimento humano. O país precisa urgentemente fechar essa brecha de desigualdade racial, de gênero e de pobreza”.
Da 93Notícias