Lembra deles? Bebês com DNA de três pessoas nascem livres de doenças genéticas

Lembra deles? Bebês com DNA de três pessoas nascem livres de doenças genéticas

 

Oito crianças britânicas nasceram através de técnica pioneira que evita doenças mitocondriais incuráveisa

Em um avanço científico de grande impacto, o Reino Unido confirma que oito bebês nasceram saudáveis utilizando DNA de três pessoas, por meio de uma técnica chamada mitochondrial donation therapy, com o objetivo de prevenir doenças genéticas graves.

Passados cerca de um ano desde a divulgação dos primeiros resultados, a grande notícia é que nenhuma das crianças apresentou sinais de doenças mitocondriais hereditárias, um resultado que trouxe alívio e esperança às famílias envolvidas. Os bebês — quatro meninas e quatro meninos, incluindo gêmeos — estão se desenvolvendo dentro do esperado até o momento.

 

Como funciona a técnica de DNA de três pessoas?

A técnica utiliza o óvulo de uma mulher doadora com mitocôndrias saudáveis e o material genético nuclear dos pais biológicos (mãe e pai). O núcleo do óvulo da doadora é removido e substituído pelo núcleo da mãe infectado por mutações mitocondriais, enquanto o esperma do pai fertiliza o embrião resultante. O embrião final carrega DNA nuclear dos pais e mitocôndrias da doadora — cerca de 0,1 % do total de DNA é proveniente da terceira pessoa.

Doenças que ficaram para trás

As doenças mitocondriais afetam aproximadamente 1 em cada 5.000 bebês, causando deficiência de energia celular que pode resultar em falência cardíaca, insuficiência cerebral, convulsões, cegueira e fraqueza muscular — muitas vezes fatais nos primeiros dias de vida . A técnica visa justamente eliminar esse risco, utilizando as mitocôndrias saudáveis da doadora.

 

Resultados clínicos e riscos

Dos 22 casais que passaram pelo procedimento, oito gestações foram bem-sucedidas, resultando em nascimentos saudáveis — uma taxa de sucesso de cerca de 36%. Em cinco dos oito bebês, as mitocôndrias defeituosas eram indetectáveis; nos outros, níveis entre 5% e 20% foram registrados, ainda abaixo do limite estimado para causar doenças (aproximadamente 80%) .

Alguns dos bebês apresentaram complicações menores: um teve epilepsia e outro ritmo cardíaco irregular, ambos tratados com sucesso. Especialistas alertam que esses casos não estão necessariamente ligados às mitocôndrias, podendo ser efeitos colaterais da fertilização in vitro ou apenas identificação precoce por monitoramento rigoroso .

 

Opiniões de especialistas e esperança para famílias

Mary Herbert, da Universidade de Newcastle, defende otimismo cauteloso: “as descobertas dão motivos para esperança, mas mais pesquisas são essenciais para aprimorar a técnica”. Bobby McFarland, do NHS, ressaltou a emoção das famílias: “ver os rostos aliviados dos pais é uma recompensa incalculável”.

Para pacientes e instituições como a Lily Foundation, fundada por Liz Curtis após perder um filho devido à doença mitocondrial, esse avanço representa uma esperança concreta de quebrar ciclos hereditários devastadores.

O que ainda falta investigar

Ainda há incertezas, como a possibilidade de “reversão”, quando mitocôndrias defeituosas se multiplicam novamente durante o desenvolvimento embrionário ou infantil. Pesquisadores seguem monitorando os bebês e estudando os limites da tecnologia para reduzir ainda mais os riscos .

Até o momento, mudançãs genéticas foram aprovadas legalmente no Reino Unido desde 2015, com a aplicação clínica iniciada em 2017 no Newcastle Fertility Centre, único centro licenciado para isso

 

 

Da 93Notícias

Daniela Domingos

Daniela Domingos

Jornalista, professora de Filosofia, especialista em Assessoria de Comunicação e Marketing, Gestão Pública e Mídias Digitais, e mestranda em Ciências de Dados

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