Pesquisadores da UFS participam de pesquisas exploratórias sobre navio escravagista do século 19

Pesquisadores da UFS participam de pesquisas exploratórias sobre navio escravagista do século 19

 

Pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) estão realizando buscas subaquáticas por vestígios do brigue Camargo, um navio negreiro que afundou na bacia do Rio Bracuí, em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, em 1852. O Camargo foi um dos últimos navios negreiros a atracar no Brasil, mesmo dois anos após a publicação da Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de pessoas escravizadas.

As buscas são realizadas por meio de um projeto do Instituto AfrOrigens, voltado ao mapeamento do tráfico transatlântico de africanos, incluindo o brigue. O instituto é presidido pelo doutor em Arqueologia pela UFS, Luís Felipe Dantas. Além das buscas no fundo do rio com o uso de tecnologias oceanográficas, a memória oral do quilombo Santa Rita do Bracuí, localizado às margens do rio Bracuí, tem auxiliado os pesquisadores a traçar o caminho do navio. A comunidade quilombola possui cerca de 130 famílias descendentes de escravizados africanos.

“A ideia do projeto é contar toda essa história que envolve o naufrágio tanto pela pesquisa histórica de arquivos, bem como pela memória coletiva, dando visibilidade a oralidade dos quilombolas,” afirma a professora de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), Martha Abreu.

O objetivo das pesquisas é encontrar provas materiais sobre o naufrágio, a fim de ajudar a desvendar mistérios que ainda cercam a história do tráfico de negreiro para o Brasil. O projeto desenvolvido pelas universidades federais de Sergipe e Rio de Janeiro conta com o financiamento do Slave Wrecks Project, rede americana de museus Smithsonian que rastreia naufrágios no Oceano Atlântico e tem a parceria de duas instituições de ensino e pesquisa dos Estados Unidos: George Washington University e Smithsonian Institution National Museum of African American History and Culture.

“Estamos fazendo uma investigação de campo mais direta através do mergulho, utilizando tecnologias, como detector de metais e sonar de varredura lateral, para tentar localizar vestígios que possam ajudar a delimitar o máximo possível a área da pesquisa,” complementa.

Do A8/Lagarto

Daniela Domingos

Daniela Domingos

Jornalista, professora de Filosofia, especialista em Assessoria de Comunicação e Marketing, Gestão Pública e Mídias Digitais, e mestranda em Ciências de Dados

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