Diferentes batalhas escancaram dois lados da mesma moeda no empreendedorismo feminino

Diferentes batalhas escancaram dois lados da mesma moeda no empreendedorismo feminino

 

Amanda Emídio, 31, mãe da pequena Alice, de 11 anos, resolveu se tornar dona do seu próprio negócio em 2019, quando seu emprego, muito bem remunerado, começou a lhe trazer problemas de saúde. Amanda decidiu largar o trabalho em uma multinacional e abriu uma clínica de estética. Meses depois a pandemia foi decretada mundialmente. Assim como ela, em Sergipe, mais de 123 mil mulheres optaram pelo empreendedorismo, o que representa 37% do total, colocando o estado como o segundo no ranking nacional, atrás apenas do Rio de Janeiro e ao lado do Distrito Federal, aponta pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Mesmo sem apoio de familiares e amigos, que preferiam a estabilidade, Amanda escolheu realizar o sonho de infância e se reencontrar profissionalmente. Fez o curso de micropigmentação e design de sobrancelhas. Na sala de casa, ela abriu as portas para o desafio.

“Largar tudo, principalmente, a estabilidade que meu emprego me dava foi o meu maior medo, por ter uma filha pensei muito antes de fazer isso, mas meu coração dizia que esse era o caminho certo a seguir. No início não foi nada fácil, ainda não é, começar do zero em uma área bastante competitiva que é o ramo da beleza, me fez acreditar que o meu diferencial era o que iria ser o fator positivo para que tivesse sucesso no que resolvi trilhar”, pontuou.

Ao contrário de Amanda, há realidades de mulheres que desejam empreender e não encontram espaço. Karla Alyne Santos, 36, nunca sonhou em ser mãe, sua meta era investir em um negócio no ramo de gastronomia e ser um nome reconhecido no mercado. Chegou a abrir uma empresa virtual, a “Hoje Pode”, porém não conseguiu permanecer por necessitar priorizar o emprego fixo, na área de secretariado. Ela alimenta o sonho desde 2019, mas ainda não conseguiu tirar a ideia do papel e colocar em prática.

Karla Alyne alimenta o sonho desde 2019 | Foto: arquivo pessoal

“Minha vontade de empreender começou depois que alguns familiares e amigos elogiavam os doces e massas que eu fazia, e me incentivavam a investir. Sempre gostei muito dessa área, mas não me achava tão capaz. Fui fazendo cursos e fui vendo que eu me identificava muito. A abertura de uma empresa física ia empoderar minha vida, seria minha realização, mas minha dificuldade gira em torno de financeiro e de tempo”, explicou.

Desafios de empreender

De acordo com o levantamento feito pelo Sebrae, no estado sergipano, quando a mulher decide empreender, grande parte (44%) busca como renda complementar ou por estar desempregada. O principal setor de investimento é o de serviços (41% do total, sendo que 24% nas áreas de alimentação e alojamento). A dupla jornada também é fator impactante na rotina das empreendedoras, já que muitas precisam conciliar com os cuidados de casa, pois 49% são chefes de domicílio. “Eu tenho um trabalho paralelo, que é o meu fixo, e para empreender eu precisava de mais tempo e de mais giro de capital”, detalhou Karla.

Para Karla, o empreendedorismo é levar em consideração tanto o produto como o serviço prestado. Na vida das duas os desafios sempre estiveram presentes. “Empreender não é só cozinhar, envolve muitas outras coisas. Hoje a gente tem uma facilidade de divulgação, através da internet, no entanto, você precisa saber como chamar o cliente, fazer o diferencial no seu material, uma melhora na entrega, porque não é só você e a cozinha”, lembrou Alyne.

No início, a procura pelo serviço no espaço de Amanda era tímida. “Muito por conta da pandemia. Apesar disso, nunca passou em minha cabeça desistir daquele sonho que me deu liberdade de fazer algo que amo. Comecei em lugar pequeno e mesmo em meio a uma pandemia, mudei duas vezes pensando no conforto das minhas clientes. Sempre tive em mente que dar o melhor seria importante para conseguir conquistar uma clientela fixa e hoje, graças a Deus, consigo ver isso”.

Segundo o gerente estadual do Crediamigo do Banco do Nordeste (BNB), Ricardo Osório, no período pandêmico foi registrada uma maior busca por créditos na instituição bancária. “Houve um aumento, já que o BNB continuou financiando os empreendedores durante a pandemia, diferentemente dos outros bancos, que de modo geral reduziram a destinação de recursos”, enfatizou.

Ainda, para incentivar atividades produtivas de empreendedoras formais e informais, o BNB criou o Crediamigo Delas. “É específico para as empreendedoras. Trata-se de um produto com taxa menor e carência maior, voltado exclusivamente para as mulheres”, contou.

Empreendedorismo e realização de sonhos

O empreender entre as mulheres é pauta debatida mundialmente. A Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014, estabeleceu o 19 de novembro como o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino com objetivo de auxiliar o ingresso de mulheres nos negócios e valorizar o papel delas nesse ambiente.

Apesar das adversidades, empreender é um orgulho para quem faz e para quem sonha. “É uma ideia que não está descartada, mas quero fazer de uma forma mais organizada, mais planejada e ir me realizando, porque de fato é onde eu me realizo. Seria o trabalhar com amor de verdade. E eu acredito que para todo mundo o desafio de empreender é compreender esse mundo”, ressaltou Karla.

Comandar seu próprio negócio é se destacar no mercado e buscar o desenvolvimento pessoal, além de ajudar outras empreendedoras.


finalizou Emídio.

Do A8/Lagarto

Daniela Domingos

Daniela Domingos

Jornalista, professora de Filosofia, especialista em Assessoria de Comunicação e Marketing, Gestão Pública e Mídias Digitais, e mestranda em Ciências de Dados

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